sábado, 24 de março de 2012

DANTE ALIGHIERI



Introdução
O presente trabalho, fala de Dante Alighieri. O objectivo do trabalho, consiste em compreender o período em que Dante viveu, centrando-se nos ideais mais reinantes desse tempo à nível Político, Religioso e Social. Dante viveu no período do Renascimento. À nível religioso, é um período perturbado devido as descobertas dos Humanistas. À nível político, a Itálica estava mergulhada numa guerra entre o Papa Bonifácio III e os florentinos[1]. Como esquema, o trabalho obedecerá o seguinte:
                               I.            Vida
·         Cultura
·         Política
·         O exílio
                            II.            Obras
                         III.            Descrição da Divina Comédia
·         Estrutura
·         Conteúdo
                         IV.            Observação
                            V.            Bibliografia





I.VIDA
Dante Alighieri foi um poeta italiano que nasceu em Maio de 1265 em Florença e morreu em Ravena em 1321. Dante é uma abreviatura de seu nome real, Durante. Nasceu numa importante família florentina. Muito novo perdeu a mãe, tendo sido educado pela madrasta. O seu pai, chamava-se Alighieri di Bellincione e a sua mãe chamava-se Bella degli Abati, nome comentado por significar "a bela dos abades". Por outro lado, Bella provém da contracção de Gabriella. Morreu quando Dante contava apenas com seis anos de idade.
Aos dezoito anos, a sua família impôs-lhe um «casamento com Gemma, filha de Messe Manetto Donati»[2]. Esta prática de imposição de casamentos aos jovens era comum entre os florentinos. Entretanto, Dante e Gemma tiveram quatro filhos (Giovanni, Pietro, Iacopo e Antónia). Antes de Dante ser dado como sua esposa a Gemma, ele tinha se apaixonado pela Beatriz; uma jovem bela, que ele confessa ter a conhecido quando tinha apenas oito e ele nove anos de idade. Contudo, apesar de tanto amor por ela, não se casou com ela. Todavia, o grande amor por ela serviu de inspiração para as suas obras poéticas, sobretudo na Vita Nuova. Dante morreu em Ravena vítima de febre.

A formação cultural de Dante supõe-se que tenha sido orientada por Brunetto Latini. E Dante teve uma paixão profunda sobre as obras clássicas da Antiguidade, notabilizando-se especialmente nos escritos de Virgílio, Horácio, Ovídio e Cicero. Para os críticos actuais, ele não teve maior aproximação com a cultura grega, porém, leu os escritos de Platão (o Timeu) e de Aristóteles. Quanto à cultura Teologia, Dante conhecia profundamente o «pensamento teológico dos Padres e Doutores da Igreja, bem como a Filosofia da Escola, através dos seus corifeus, entre eles, S. Tomás de Aquino»[3]. Na sua evolução intelectual, ele se enquadra em três períodos: «o culto da poesia amorosa o ideial cavalheiresco; o entusiasmo perante a ciência para a realização humana; e o desejo da reforma religiosa»[4].
Em 1287 foi à Bolonha, com objectivo de aprofundar os seus conhecimentos. Em conformidade com a lei de 1295, Dante tornou-se médico e farmacêutico, pois, todo nobre que pretendesse tomar um cargo público devia, exercer essas profissões. Por fim, ele fez parte da Corporação de Artes e Ofícios. Mediante a estas profissões, Dante acedeu à vida política.
A vida política de Dante teve início em Junho de 1289, quando tomou parte na batalha de Capaldino contra Arezzo. E nos anos de 1295 a 1300, ele liderou o Conselho da cidade, com os seus seis priores, governando assim a Florença. Na luta entre negros e brancos, foi condenado ao exílio, mais tarde à morte. Devido a esta pena, teve que fugir de Florença para Ravena, onde veio a morrer vítima de febre.
O envolvimento político de Dante acarretou-lhe vários problemas. O Papa Bonifácio VIII tinha a intenção de ocupar militarmente Florença. «Em 1300, Dante estava em San Gimignano, onde preparava a resistência dos guelfos toscanos contra as intrigas papais»[5]. Em 1301, o papa enviou Carlos de Valois, (irmão de Felipe o Belo, rei de França), como pacificador da Toscânia, mas o governo de Florença, mal recebeu os embaixadores papais, com objectivos de repelir qualquer influência da Santa Sé. O Conselho da cidade enviou, então, uma delegação a Roma, com o fim de indagar ao certo as intenções do Sumo Pontífice. Dante chefiava essa delegação.



O que levou Dante ao exílio foi o seu envolvimento na luta de Florença contra o Papa Bonifácio VIII. Nessa altura, a Itália estava dividida entre o poder do papa e o poder do Sagrado Império Romano. O norte era predominantemente ocupado pelo imperador e o centro ficava para o papa.
O Papa «Bonifácio VIII tinha a intenção de ocupar militarmente Florença»[6]. E em 1300, Dante estava em San Gimignano, onde preparava a resistência dos guelfos toscanos contra as intrigas papais. Em 1301, o papa enviou Carlos de Valois, (irmão de Felipe o Belo, rei de França), como pacificador da Toscânia, mas, o governo de Florença, não recebeu bem os embaixadores papais. E semanas depois, de forma colérico os florentinos não aceitavam a influência da Santa Sé. O Conselho da cidade enviou, então, uma delegação a Roma, com o fim de consultar a veracidade das intenções do Sumo Pontífice e quem chefiava essa delegação foi Dante. Ele e os seus companheiros foram presos e condenados ao exílio por dois anos de prisão e a pagarem uma elevada multa em dinheiro. E de Roma, o papa sugeriu que Dante como chefe dos insurgentes fosse exilado caso não pagasse a multa que pesava contra ele.
Dito feito, por não ter pago a multa, foi condenado ao exílio perpétuo. E advertiu-se que caso fosse visto andando pela cidade, podia ser capturado pelos soldados e consequentemente executado e queimado.



Dante escreveu muitas obras. Mas, a que lhe dá maior prestígio e a mais conhecida é a Divina Comédia. E as outras obras são designadas por obras menores.
a)      Divina Comédia (1314)
É a obra capital de Dante Alighieri. Começou a escrever nos últimos anos da sua vida, sobretudo, depois de perder a esperança de voltar a Florença. Foi concluida pelos seus primeiros dois filhos (Giovani e Pietro) em Ravena. Foi escrita em italiano e, «é um poema narrativo rigorosamente simétrico e planejado que narra uma odisséia pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, descrevendo cada etapa da viagem com detalhes quase visuais»[7].

Dante é «o personagem da história, que é guiado no inferno e purgatório pelo poeta romano Virgílio, e no céu por Beatriz, musa em várias de suas obras»[8]. De Vulgari Eloquentia 1305-1308 (Sobre a Língua vulgar), foi escrita, em latim. O grande objectivo desta obra, é o estudo da língua e da poesia.
            c) Vita Nova 1293 (Vida Nova) é uma obra de sonetos comentados, onde narra a história do seu amor por Beatriz. Foi redigida em língua toscana.
            d) Le Rime (As rimas), esta obra é também conhecida de Canzoniere, ela apresenta vários textos de cariz lírico (sonetos, canções, baladas, sextinas), que cantam novamente, o amor idealizado (amor platónico) de Beatriz, bem como a Ciência, a Filosofia, a Moral num sentido alargado do termo;
            e) Il Convivio 1306-1308 (O Convívio), obra de carácter filosófico, é apresentado pelo poeta como um banquete com 14 pratos (simbolizando as canções), acompanhados do pão (os comentários). Faz parte das obras que pretendem dignificar a língua vulgar, tanto mais que Dante chega aqui a citar autores tão importantes como Aristóteles e São Tomás de Aquino;
            f) De Monarchia 1310-1313 (Monarquia), é a obra que fala mais da vida política de Dante. O livro, escrito em latim possivelmente entre 1310 e 1314, defende a supremacia do Poder Temporal sobre o Poder Papal, lembrando que «até Jesus Cristo ressaltou que não desejava o Poder Temporal»[9]. Ao final, recomenda que ambos respeitem-se um do outro, obedecendo àquele «que é o único governador de todas as coisas, espirituais e temporais»[10].
            g) As seguintes obras: As Epístolas, Éclogas e Quaestio de aqua et terra são tidas de obras menores.


A Divina Comédia está composta por três livros: Purgatório, Inferno e Paraíso. Devido a estas três partes, ela é disignada por Trilogia épica. Os três livros que formam a Divina Comédia «são divididos em 33 cantos cada, com aproximadamente 40 a 50 tercetos, que terminam com um verso isolado no final.
O poema possui «uma impressionante simetria matemática baseada no número três. Foi escrito utilizando uma técnica original conhecida como terza rima, onde as estrofes de dez sílabas, com três linhas cada, rimam da forma ABA, BCB, CDC, DED, EFE»[11]. O Inferno possui um canto a mais que serve de introdução a todo o poema. No total são 100 cantos»[12]. Os lugares descritos por cada livro (o inferno, o purgatório e o paraíso) são divididos em nove círculos cada, formando no total 27 níveis. Os três livros rimam no último verso, pois terminam com a mesma palavra: stelle[13].
Originariamente, Dante chamou a sua obra de Comédia. Ela «não se refere ao teatro, mas ao facto de o poema, embora começando tragicamente, tem desfecho bom e satisfatório, no paraíso»[14]. E não, Divina Comédia, como é actualmente conhecida. O adjectivo "Divina" foi acrescentado pela primeira vez em uma edição de 1555.

Passando pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, Dante põe em cena e nos seus lugares os seus amigos e inimigos, vivos ou mortos. Conta-lhes histórias, fala-lhes da política, filosofia, teologia e explica-lhes o sistema do Universo. Manifesta o seu ódio e as suas esperanças. Enfim, é uma abordagem de um mundo real de Dante do século XIII, reflectido no outro mundo.
Inferno
É como um vale profundo em forma de funil. Está formado de círculos que sevãoestreitando, à medida que cresce a gravidade das penas do condenado. Ou seja, quanto mais for a gravidade do pecado mais fino é o espaço por onde passará o pecador. No Inferno, Dante é guiado por Virgílio e atravessa os nove (9) círculos do Inferno, em que os condenados se distribuem conforme a classificação dos sete pecados capitais (orgulho, inveja, cólera, avareza, gula preguiça, luxúria), também, segundo as disposições viciosas da alma: «incontinência, a violência e a fraude»[15]. O último circuito do nono, está dividido em quatro zonas, e nele estão os traidores os quais Dante coloca um tal Brunetto que se rebelou contra o poder de César.

Purgatório
É uma montanha composta também de nove (9) regiões começando por antepurgatório, seguindo-se as sete regiões reservadas aos pecados capitais e termina com o paraíso terrestre o topo da montanha. No entanto, é neste cume onde Dante se encontra com a Beatriz e se despede de Virgílio e, Beatriz abre-lhe a porta que dá acesso ao paraíso.
Paraíso
A semelhança de inferno e purgatório, contem também, nove (9) esferas ou regiões concêntricas que se elevam acima da terra. Nestas regiões, encontram-se as almas dos bem-aventurados que segundo os méritos das suas virtudes, numa ordem ascendente simetricamente oposta a ordem descendente que se encontram no inferno. Segundo os críticos modernos, o Inferno é que se assemelha mais com a realidade de todos os tempos.

IV.             OBSERVAÇÃO
Percorrido afincadamente o tema que nos propusemos tratar: Dante Alighieri é chegada a altura de observar que Dante viveu num período turbulento em que a Igreja desse período, se encontrava em crise de um lado e, de outro lado, foi um período de grande prosperidade intelectual pois, é a época do Renascimento. O centro das atenções desse período passou ser o Homem. O Teocentismo tinha sido substituído pelo Antropocentrismo. Na vida intelectual fala se do Humanismo e do domínio das belas artes do Renascimento. É o período do regresso às origens: as belas artes gregas e latinas. É por isso mesmo que Dante por meio das suas obras poéticas, sobretudo a Divina Comédia foi considerado grande poeta italiano e consta na lista dos mais famosos do período de Renascimento: Miguel Ângelo, Erasmo de Rodredão e outros.

Bibliografia
Enciclopédia Mirador Internacional, Encyclopaedia Britannica do Brasil, Publicações Ltda, S. Paulo, Brasil, 1981.
Enciclopédia Verbo Luso Brasileira de Cultura, Edição Século XXI, Editorial Verbo; Lisboa/São Paulo, 1999.
SCHLESINGER, Hugo; PORTO, Humberto. Dicionário Enciclopédico das Religiões, Edições Vozes, Lisboa, 1995.
ttp://www.wikipédia.Enciclopédia livre, 7.03.2011. 13:20 min.



                                                                                                       


[1] Florentinos são os residentes do actual município de Florença, na Itália.
[2]Enciclopédia Mirador Internacional, Encyclopaedia Britannica do Brasil, Publicações Ltda, S. Paulo, Brasil, 1981, 3166.
[3]Enciclopédia Mirador Internacional, Encyclopaedia Britannica do Brasil, Publicações Ltda, S. Paulo, Brasil, 1981, p. 3166.
[4]C. Pedro. Logos Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, 1989, p. 1273.
[5]Ibdem, p. 3166.
[6]ttp://www.wikipédia.Enciclopédia livre, 7.03.2011. 13:20min.
[8]Ibdem, p.938.
[10]Ibdem, p.3166.
[11]Ibdem, p.938.
[12] Enciclopédia Verbo Luso Brasileira de Cultura, Edição Século XXI, Editorial Verbo; Lisboa/São Paulo, 1999, p.938.
[13]Stelle significa estrelas.
[14]Enciclopédia Mirador Internacional, Encyclopaedia Britannica do Brasil, Publicações Ltda, S. Paulo, Brasil, 1981, p. 3166.
[15] Op.,Cit., p. 3166.