terça-feira, 18 de outubro de 2011

ORAÇÃO EM SÃO LUCAS


Introdução
O presente trabalho fala de Oração em São Lucas. O tema da oração para este evangelista é de grande importância. Portanto, devido a esta grande importância que o evangelista dá ao tema, propusemo-nos, contabilizar quantas vezes o termo oração aparece no Evangelho. O outro objectivo do trabalho consiste em compreender a noção de oração para Lucas. Por fim, entender o significado da oração de Jesus neste Evangelho. Para uma boa compreensão, abaixo está o esquema que o trabalho obedecerá.
Definição do termo oração
O número de vezes da palavra oração em São Lucas
Os momentos em que Jesus reza
Significado da oração de Jesus
Conclusão

Definição
Como definição, oração «é a parte integrante daqueles actos da vida cristã que, são indispensáveis e necessários à salvação»[1]. Ou seja, a oração representa fundamentamente a expressão e afirmação das virtudes divinas. Ela juntamente com o sacrifício, constitui o acto principal do culto. A oração na vida do crente, «não é outra coisa senão colocar o que é, o que tem e o que faz ao brilho do reino»[2]. Para o Antigo Testamento, o ponto cetral da oração estava na aliança de Deus com o seu povo. Pois, quem rezava «falava a Deus da sua história, do pacto da Aliança do Sinai e de Divid, louvava a Deus pela sua unicidade e gradenza, agradecia a Deus pela sua ajuda maravilhosa, queixava-se a Ele e desabafava-se a Deus na necessidade»[3]. Ainda no A.T. o orante «estava profundamente convencido da presença poderosa e clemente de Javé no seu povo»[4].
Para o Novo Testamento, «Jesus com a sua vida, constitui a oração fundamental, pois, foi Ele que disse: não quiseste sacrificio nem oblação, mas me formaste um corpo [...] Então eu disse: eis que venho ó Deus, para fazer a tua vontade (Hbr 10, 5-7)»[5]. Jesus é a Palavra de salvação, o apelo do Pai aos homens não redimidos[6].

O número de vezes da palavra oração em São Lucas
No Evangelho de São Lucas, a palavra oração aparece 20 vezes. Porém, de formas diferentes. Às vezes em forma de verbo, outras vezes como substantivo e até mesmo como adjectivo. E em alguns vericulos o termo oração se repete mais de 3 vezes. Exemplo disso se pode ver em Lucas 22, 39- 43, (no monte das Oliveiras), onde Jesus reza muitas vezes. Eis alguns textos onde pelo menos aparece uma das formas de oração acima refereciadas.
Lc 3, 21;                     Lc 18, 1.10-11;           Lc 22,31;        Lc 21, 36.
Lc 5, 16;                     Lc 18, 28-29;              Lc 22, 40-46
Lc 6,12;                      Lc 11,1                       Lc 19,46;

Os momentos em que Jesus reza
Segundo São Lucas, Jesus reza nos momentos decisivos da Sua Missão: no Seu Baptismo (Lc 3,21); na escolha dos Doze (Lc 6,12); na profissão de fé de Pedro (Lc 9,18); na transfiguração (Lc 9,28); no monte das Oliveiras (Lc 22, 41), e por último, na Cruz, como o momento mais alto da oração de Jesus (Lc 23, 46)[7]. Na óptica de São Lucas, a oração de Jesus «foi antes de tudo uma escuta ao chamamento do Pai que Lhe confiava a tarefa da História de Salvação do mundo»[8]. Nesta tarefa, Jesus procurava mais claramente, realizar a vontade do Pai. Esta atitude de Jesus de estar intimamente ligado com o Pai na oração, é bastante sublinhada por São Lucas, destacando os importantes momentos em que Jesus se encontra em oração.
Portanto, a atitude de escuta de Jesus está estruturada na oração. Ou seja, Jesus ciente da Sua Missão que é a de fazer a vondade do Pai, Ele deve estar constantemente ligado a Deus. E esta sintonia se estabelece na oração. É por isso, que Ele, afirmou: «o meu alimento é fazer a vontade de quem me enviou» (Jo 34).
Significado da oração de Jesus
Para Lucas, a oração «é o amor do Pai, que por meio de Jesus, se manifesta na vida de cada cristão»[9]. E Jesus em oração, mostra-nos que é preciso manter-se em constante oração, como a viúva (Lc 18, 1-8), que pede insistentimente ao juíz corrupto que lhe fizesse justiça. Nesta perspectiva, a oração começa a ser um estado de abertura aos outros. Por exemplo, em Lucas 3, 22, lê-se: «Tu és o meu Filho bem-amado; em Ti ponho minha afeição»[10]. Aqui se encontra a plena manifestação da Trindade. E esta manifestação Trinitária, teve lugar quando Jesus se encontrava em oração. Potanto, «o Céu aberto é fruto da oração de Jesus»[11]. A oração de Jesus manifesta a absoluta obediência amorosa que Ele tem com a Missão salvífica do Seu Pai.
Jesus em oração, representa um novo responsável da comunidade humana, que em nome dela, a Sua oração necessariamente tem um carácter de intercessão. A oração de intercessão de Jesus está patente em Lucas 22,32, quando Ele reza por Pedro e aos seus perseguidores (Lc 23, 34) Em fim, a oração de Jesus resume-se na oração sacerdotal, quando Ele pede ao Pai que «defenda do mal os seus discípulos, os santifique na verdade e os receba no seu coração na sua glória» (Jo 17). Por último, a oração de Jesus tem como pano do fundo a glorificação de Deus amoroso e misercordioso[12].
Conclusão
Depois de uma leitura atenta do Evangelho de Lucas empreendida durante a pesquisa do tema em epígrafe, é chegada a altura de concluir que a oração «é o amor do Pai, que por meio de Jesus, se manifesta na vida de cada cristão»[13]. E como se não bastasse, o modelo e mestre da oração é Jesus Cristo na Sua união Trinitária. Pois, a vida de Jesus foi antes de tudo caracterizada por uma escuta ao chamamento do Pai que Lhe confiava a tarefa da História de Salvação do mundo[14]. No entanto, para Lucas, a oração é um abrir-se ao Pai. Ou seja, a orção é uma abertura do crente à Deus, com a sua vida inteira e com os problemas do dia-a-dia. É um abrir-se na confiança de que o Reino dos Céus está perto[15]. Nesta óptica, a oração significa estar aberto ao Amor do Pai. E o crente abrindo o seu coração na oração, recebe do Céu a força do Espírito[16].

Bibliografia
Dicionário de Teologia, Conceitos Fundamentais da Teologia actual, Vol. IV, Ed. Loyola, São Paulo 1970.
J. PIKAZA, A Teologia de Lucas, 2ª Edição, Edições Paulinas, São Paulo 1985.
José F. DE OLIVEIRA, Católicos Serenos e Felizes, no princípio foi assim. Edições Paulus, São Paulo, 1997.


[1] Dicionário de Teologia, Conceitos Fundamentais da Teologia actual, Vol. IV, Ed. Loyola, São Paulo 1970, p. 48.
[2] Javier PIKAZA. A Teologia de Lucas, 2ª Edição, Edições Paulinas, São Paulo 1985, p. 108.
[3] Dicionário de Teologia, Conceitos Fundamentais da Teologia actual, Vol. IV, Ed. Loyola, São Paulo 1970, p. 48.
[4] Ibidem, p. 48.
[5]Dicionário de Teologia, Conceitos Fundamentais da Teologia actual, Vol. IV, Ed. Loyola, São Paulo 1970,  p. 48.
[6] Ibidem, p. 55.
[7] Op cit., p.57.
[8] Ibidem, p. 55.
[9] Javier PIKAZA. A Teologia de Lucas, 2ª Edição, Edições Paulinas, São Paulo 1985, p. 80.
[10] Op cit., p. 55.
[11] Op cit. p. 57.
[12] Op cit., p. 58.
[13] Op Cit., p. 80.
[14] Dicionário de Teologia, Conceitos Fundamentais da Teologia actual, Vol. IV, Ed. Loyola, São Paulo 1970, p. 48.
[15]. Ibidem, p.80.
[16] Ibidem, p. 81.